COVID-19: Afluência “anormal” de autocaravanas à costa alentejana preocupa autoridades locais (c/áudio)
Escrito por Helga Nobre em 18 de Março, 2020
O número de autocaravanas, em parques de estacionamento, e de turistas, que alegadamente se refugiam do coronavírus nas suas casas de férias, está a aumentar na costa alentejana, deixando em alerta as autoridades locais.
No concelho de Santiago do Cacém, a situação agravou-se esta semana com “uma afluência anormal” de autocaravanas “de várias nacionalidades”, que entupiram, segunda-feira, a zona de estacionamento da lagoa de Santo André obrigando a uma intervenção das autoridades, explicou à rádio M24 o presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho
“Chegou-nos a informação de que estava a haver uma afluência anormal de autocaravanas, de vários pontos da Europa, para a costa de Santo André e, naturalmente, que a pandemia do coronavírus só pode ser a única justificação para esta situação nesta altura do ano”, disse David Gorgulho.
Após vários relatos de moradores, o autarca decidiu “exigir uma ação bastante incisiva” da Guarda Nacional Republicana (GNR), que “nos garantiu que as autocaravanas saiam daquela zona”.
“Vamos fazer uma reavaliação mas o que é certo é que se tratou de um ponto muito negativo porque tivemos muitas autocaranavas de várias nacionalidades, em particular de alemães, que para aqui chegarem tiveram de passar por França e Espanha. Não estamos a brincar às pandemias e as autoridades locais não podem facilitar”, avisou.
Também o presidente da Câmara Municipal de Grândola, António Figueira Mendes, relatou à rádio M24 que “estão a circular muitas autocaravanas” pelo concelho, “provavelmente devido ao facto de não existirem infetados com o coronavírus no Alentejo”, levando a autarquia a tomar algumas medidas.
“As pessoas vão-se refugiando nesta zona e por esse motivo decidimos encerrar o parque de caravanas do Lousal, no interior do concelho. No entanto, ainda não conseguimos encerrar o parque de caravanas de Grândola mas temos essa preocupação e vamos sensibilizar para que as pessoas não estacionem durante muito tempo e no mesmo lugar”, disse.
O autarca, que reuniu ontem, via skype, a Comissão Municipal de Proteção Civil, diz que as entidades responsáveis “vão acompanhar estes casos sempre que se justificar e as autoridades vão procurar evitar o estacionamento e grandes aglomerados de autocaravanas”.
“Temos muitos turistas portugueses e estrangeiros com casas de férias no concelho, nomeadamente na freguesia do Carvalhal, que aproveitaram para se refugiarem aqui. Isso cria alguma preocupação porque têm feito muitas compras nos supermercados, o que contribui para que a população não tenha acesso aos bens necessários”, acrescentou.
Mais a sul, em Vila Nova de Milfontes, no concelho de Odemira, o cenário repete-se e, no último fim-de-semana, foram muitas as pessoas a procurar refúgio na costa alentejana, optando pelas casas de férias ou recorrendo ao aluguer de imóveis, disse o presidente da Junta de Freguesia de Vila Nova de Milfontes.
“Nos últimos dias deparámo-nos com muitas pessoas que têm casa de férias nesta zona e que se refugiaram no Alentejo talvez, porque temos zero casos no mapa do coronavírus, para fugir da confusão e da possibilidade de contaminação das cidades, embora exista o risco acrescido de transmissão”, adiantou.
De acordo com Francisco Lampreia, “tivemos muitos portugueses durante o fim-de-semana, uns com casa de férias e outros que alugaram para declaradamente fazerem a quarentena no Alentejo. Só não fazem a vida mais normal porque os estabelecimentos estão todos a aplicar o registo máximo de clientes”.
“Durante o fim de semana os supermercados, cafés e até restaurantes estiveram cheios e as pessoas fizeram a sua vida normal. Ao longo do ano temos muitos turistas do norte da Europa que, numa situação destas, vão ficando e não se vão embora”, acrescentou.
Por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia de São Teotónio (Odemira), Dário Guerreiro, a cumprir o isolamento social “possível”, fala num número reduzido de autocaravanas na zona costeira da freguesia, como as praias do Carvalhal e Zambujeira do Mar.
“No sábado à tarde estive na Zambujeira do Mar e não se via pessoas na rua, na praia do Carvalhal tive o cuidado de contar apenas 4 caravanas e as praias da freguesia estão bastante calmas. Ainda ontem, estive novamente na Zambujeira e as pessoas estão recolhidas, com poucos carros a circular”, descreveu o autarca.
O comandante do destacamento de Santiago do Cacém da GNR, adiantou que o patrulhamento “está a ser feito com alguma regularidade” ao longo da costa “onde por norma existe caravanismo e as pessoas são autuadas” sempre que detetadas infrações.
“Neste momento não há legislação que proíba as pessoas da livre circulação. Não foram decretadas medidas nesse sentido e o que é aconselhável é permanecerem em casa se não tiverem necessidade de se deslocar”, adiantou o comandante do destacamento de Santiago do Cacém.
Opnião dos Leitores
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André Azevedo e Silva Em 9 de Abril, 2020 em 23:48
Bom dia
Ha cerca de 15 autocaravanas na Lagoa de Santo Andrr. Ja foram mais já foram menos porque se deslocam com toda a tranquilidade
A GNR diz que a lei nada prevê mas a lagoa é uma reserva natural e é proibido a pernoita dentro de zonas de reserva naturais tais como a lagoa ou a reserva natural da Costa vicentina
Estás pessoas em claro desrespeito pela situação que vivemos, passeiam, confraternizam, fazem grelhados na rua, e há até um que trouxe a sua mota de enduro para passear no mato
Situação triste de falta de respeito por todos os portugueses fechados em casa