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Central solar em Cercal do Alentejo pode implicar “artificialização” do espaço rural – Zero

Escrito por em 29 de Junho, 2021

O projeto de instalação de uma central solar de grandes dimensões na freguesia de Cercal do Alentejo, concelho de Santiago do Cacém, pode implicar a “artificialização do espaço rural”, alertou a associação ambientalista Zero.


“A Zero está extremamente preocupada quando estamos perante uma artificialização do espaço rural para a instalação de equipamentos para a produção de energia”, disse Nuno Forner, daquela associação ambientalista.

O projeto desta central solar fotovoltaica, que a empresa Cercal Power, S.A pretende desenvolver em Cercal do Alentejo, prevê um investimento global de 164, 2 milhões de euros e o respetivo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) esteve em consulta Pública até 10 de maio.

A iniciativa, que está a suscitar críticas de moradores, inclusive com petições, resulta da junção de cinco centrais de menor dimensão, “com licença de produção já atribuída” pela Direção-Geral de Energia e Geologia, e a construção de uma Linha de Muito Alta Tensão (LMAT).

Os painéis serão instalados numa área de 137,05 hectares, onde serão montados 553.722 módulos fotovoltaicos, com uma potência total de injeção de 223,6 MVA (megavolt-ampere) para produzir em média 596.206 megawatts (Mwh)/ano, é referido no resumo não técnico do EIA.

Para o dirigente da Zero, o investimento da Cercal Power em “áreas que, neste momento, são utilizadas para agricultura e uma pequena percentagem para produção florestal” tem impacto junto de “algumas espécies com estatuto de conservação elevado”, como é o caso do “milhafre-real e da águia de Bonelli”, alertou.

São espécies que “estão muito dependentes destas áreas agrícolas para a sua alimentação e, em alguns casos, para a sua reprodução”, sublinhou o ambientalista, que criticou ainda a construção de uma LMAT “com mais de 20 quilómetros” por “atravessar áreas onde predominam zonas florestais”, o que implicará “corte significativo” de eucalipto, sobreiro e pinheiro.

A Zero criticou ainda a “falta de transparência” no processo de consulta pública “durante o qual a população não foi devidamente informada e esclarecida”.

“Quando chegamos ao fim de um processo de consulta pública e grande parte da população que reside próximo da área onde se pretende instalar o parque não está minimamente informada sobre o que vai ser lá instalado, quais são os impactos negativos deste investimento, mas também qual é o retorno positivo relativamente a esta instalação. Certamente não são os postos de trabalho que são apresentados porque durante a fase de exploração essas centrais funcionam em modo automático”, concluiu.


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