Catarina Martins diz ser “chocante” situação laboral no complexo industrial de Sines
Escrito por Helga Nobre em 22 de Maio, 2020
A coordenadora-nacional do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, diz ser “chocante” a situação laboral que estão a viver centenas de trabalhadores do complexo industrial de Sines, durante a crise de covid-19.
“Acho particularmente chocante a situação em Sines em que centenas de trabalhadores já foram despedidos em que há uma empresa, a Galp, que despediu imensos trabalhadores na refinaria de Sines para logo a seguir ir distribuir dividendos e lucros aos acionistas que irão para um qualquer ‘offshore’ e que servem para tudo menos para proteger o país”, afirmou.
A líder bloquista, que participou, em Sines, na marcha pelo emprego, convocada pelo Sindicato Sindicato dos Trabalhadores das Industrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), contra a precariedade, defendeu a criação de “fortes medidas económicas de justiça”.
“É preciso proibir a distribuição de dividendos e proibir o despedimento dos trabalhadores, obrigando ao prolongamento dos contratos a prazo a todas as empresas que têm lucro e nas empresas que naturalmente estão a receber apoios públicos para manter emprego”, adiantou.
Para Catarina Martins, estes trabalhadores prestavam serviço “para grandes empresas lucrativas, com participação do Estado, como a Galp, e com muitos contratos públicos, como a Martifer”, por isso defende “medidas para responder à crise, protegendo o emprego, o salário e quem aqui vive”.
“Há empresas a lutar para sobreviver à crise e há muitas que estão a aproveitar a ocasião para abusar dos trabalhadores e grandes empresas com responsabilidade para manter o emprego e a primeira coisa que fizeram foi despedir ou mandar para o ‘lay-off’ os trabalhadores”, sublinhou.
Questionada sobre o prolongamento do ‘lay-off’, a líder do BE, disse temer que esta “seja uma forma de regularizar salários baixos para o futuro” considerando ser “importante medidas de apoio diretas a micro e pequenas empresas que não conseguem manter o emprego numa situação de crise, para a manutenção do emprego com a remuneração a 100 por cento”.
“Se o ‘lay-off’ se torna a normalidade, o que estamos a dizer é que os salários em Portugal estão todos a desvalorizar”, concluiu.
A Marcha pelo Emprego, que reuniu cerca de 300 pessoas, que percorreram as ruas da cidade de Sines, num cordão humano, cumprindo o distanciamento social, serviu para exigir “a readmissão de todos os trabalhadores despedidos, o fim da precariedade e a passagem dos trabalhadores a efetivos nas várias empresas”.
O SITE-Sul defende ainda que “a cada posto de trabalho permanente, deve corresponder um posto de trabalho efetivo” garantindo estabilidade no emprego e que “deve ser dada preferência aos trabalhadores locais” no momento da admissão.
A atribuição do subsídio de desemprego para todos os trabalhadores sem qualquer exceção e o a atualização do valor hora pago a cada trabalhador para 21 euros, são outras das reivindicações do sindicato que fala no despedimento de cerca de 600 trabalhadores do complexo industrial de Sines.