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1.º Capitão-mor do Ceará homenageado em Santiago do Cacém

Escrito por em 5 de Novembro, 2019

Martim Soares Moreno, o militar português que fundou o Ceará e se distinguiu na resistência contra as ocupações francesas e holandesas no Brasil, vai ser homenageado, na sexta-feira, em Santiago do Cacém.

No ano em que se cumpre o 4.º centenário da nomeação do 1.º capitão-mor do Ceará, uma medida do rei D. Filipe II de Portugal (III de Espanha), que constituiu a “certidão de nascimento” do que viria a ser, mais tarde, o Estado do Ceará, recaindo a escolha do monarca na figura portuguesa Martim Soares Moreno, a efeméride vai ser assinalada em Fortaleza, com um amplo programa evocativo, Lisboa e Santiago do Cacém, terra natal do fundador do Ceará.

Em Portugal estão programadas atividades em Lisboa e Santiago do Cacém com uma conferência, na quinta-feira, às 17:00, sobre a “Jornada do Maranhão”, na Sociedade de Geografia de Lisboa, levada a cabo em 2019 pela Expedição Martim Soares Moreno, que reviveu a epopeia do militar alentejano desde o “Rio Siará” até a ilha de São Luís, no Maranhão, ressaltando a importância desse périplo para a definição dos limites territoriais atuais do Brasil.

No sábado, dia 09, em Santiago do Cacém, está prevista uma sessão de homenagem a Martim Soares Moreno, nos Paços do Concelho, às 11:00 e a inauguração, na Praça Conde de Bracial, de uma placa comemorativa do IV Centenário da sua nomeação como capitão-mor do Ceará.

A homenagem está a cargo da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, do Instituto do Ceará e da Real Sociedade Arqueológica Lusitana.

Um alentejano que se fez índio entre os índios, ao serviço da Coroa 

Martim Soares Moreno nasceu em Santiago do Cacém, ao redor de 1586, no seio de uma família acomodada. Chegou ao Nordeste do Brasil ainda muito jovem, em 1602, como soldado, empenhando-se na luta pela ocupação do Ceará. Um tio militar, Diogo de Loures Moreno, incentivou-o a seguir a carreira das armas e a aprender a língua e os costumes dos índios.

Integrando a expedição do sargento-mor Pêro Coelho de Sousa, em 1603, dirigiu nesse mesmo ano a construção da primeira fortaleza, o forte de Santiago, na margem direita da foz do rio Siará (sobre o qual se erguerá, em 1613, o forte de São Sebastião), e iniciou a colonização da região. Tornou-se, assim, o virtual fundador da futura capitania do Ceará, tornando-se o capitão-mor em 1619.

Da realidade ao mito: o resistente contra Franceses e Holandeses e o herói de Iracema

A estratégia de proximidade com as comunidades indígenas revelar-se-ia da maior importância para combater os franceses que ocupavam o Maranhão. Em 1613, Martim Soares Moreno percorreu este território e o vizinho Pará, em missões de reconhecimento, indo parar às Antilhas, de onde viajou para Sevilha.

Regressou ao Brasil em 1615, onde tomou parte na campanha de reconquista do Maranhão, assumindo papel decisivo, à frente de um contingente de 900 homens, na expulsão definitiva dos franceses e na captura da cidade de São Luís.

No ano seguinte fez nova viagem às Antilhas. O navio em que seguia foi capturado no alto mar por um corsário francês, após violento combate, que o deixou seriamente ferido, com uma cutilada no rosto e uma mão a menos. Reconhecido por familiares dos expulsos do Maranhão como um dos inimigos portugueses, foi preso e levado para Dieppe, onde um tribunal o condenou à morte.

Negociações diplomáticas permitiram-lhe ficar livre, após dez meses de cárcere, e voltar à Península Ibérica, onde recebeu a patente de capitão-mor do Ceará, pelo período de dez anos, como se regista em carta régia de 26 de Maio de 1619.

Uma vez no Brasil, desempenhava esse cargo quando os Holandeses tomaram Pernambuco (1630). Participou então, à frente de pequenos, mas aguerridos contingentes de índios e soldados do Ceará, na resistência contra os invasores não só em solo pernambucano, mas também na Paraíba e em Cunhaú, na capitania do Rio Grande (1631-1636), e, mais tarde (1645-1648), no esforço militar para a recuperação de Pernambuco. Voltou definitivamente a Portugal, em 1648, onde faleceu em data desconhecida.

Lembrando a fraternidade de Martim Soares Moreno com as comunidades indígenas, José de Alencar fê-lo uma das figuras principais do romance Iracema (a índia tabajara dos lábios de mel), publicado em 1865, leitura obrigatória para todos os estudantes brasileiros. Consumava-se, assim, a força do mito.

 


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